Wednesday, August 22, 2007

vida própria


Sinal Vermelho. Carro da Polícia de Trânsito parado em frente ao meu Panda. Sinal Verde. Curva apertada em direcção à Avenida da Liberdade. Eis se não quando, a buzina começa a tocar sózinha, qual fenómeno poltergeist.

Acelero e toca a buzina. Travo e a buzina toca. O carro da Polícia vira para a Avenida, ufa digo eu e toca de acelerar em direcção à Praça da Alegria, a buzina não para e os carros saem da minha frente, e eu sem saber o que fazer, e os peões a correrem que nem loucos, ai que vem aí uma doida no Panda Verde, deve pensar que tem um Lamborghini coitadinha.

E eu a subir em direcção ao Príncipe Real e as velhas na rua parece impossível, olha para esta, isto realmente há pessoas mesmo ordinárias que apitam por tudo e por nada, e eu a pensar fónix e agora a esta hora quem é o mecânico que me vai safar.

Viro à esquerda para a rua das Taipas porque me lembro do mecânico ali perto, e a buzina toca, toca e o gajo do carro à minha frente a abrir e fechar a porta porque pensa que eu lhe estou a dizer que tem a porta mal fechada. E eu aproveito para desligar a chave para perceber se aquilo é problema eléctrico. Mas não a buzina agora não para de tocar, e o rapaz do citroen vermelho para mesmo o carro, já com um ar ameaçador. Eu estico o pescoço e grito, eu tenho a buzina avariada! Ele sorri, e eu penso olha a minha sorte...

Desço a calçada em buzinar contínuo e paro o carro em frente ao mecânico que a esta hora já estava, cá fora a olhar para mim e a pensar, gajas.

Problema resolvido.

Ah, é verdade e não paguei nem um euro...

Monday, August 20, 2007

it´s a disaster, corn in my GMO...


O Ecotopia - encontro internacional que decorre em Aljezur e de onde saíram jovens que participaram na destruição de um hectare de milho transgénico, numa herdade em Silves - é apoiado pelo Instituto Português da Juventude (IPJ).
(in DN oline 20 Agosto)

Ora eu até sou contra os transgénicos, porque compreendo as implicações nocivas para as culturas “indígenas”, para os insectos e para a nossa cadeia alimentar.

Mas ao ver o olhar de desespero daquele agricultor algarvio, comoveu-me.

O problema, mais uma vez está na Lei, por isso estas iniciativas de acção directa são por mim, sempre questionáveis.

Se calhar a cannabis lá em Aljezur, também era transgénica...

Monday, August 13, 2007

chegar à superfície


Pátio cheio de casais com filhos. Quando cheguei, a festa já ía a 1/3. Se fosse há alguns meses (pelo menos 10 ou 12) acharía “normal” encarar casais ditos felizes. Embora a maioría fosse desconhecida, sería uma situação absolutamente banal, estar rodeada de crianças, mães e pais.

Mas agora as coisas mudaram radicalmente, e dei por mim desconfortável no meu papel de gaja sem aliança no dedo.

Nunca tinha reparado no ar curioso das mulheres.

Não posso dizer curioso, porque, eu como mulher já olhei daquela forma. Já senti aquilo. Já estive daquele lado. E não quero lá voltar nunca mais.

Ao desleixo, à gordura acumulada, ao sorriso forçado, à falta de côr da pele e do olhar. Ao “fofinha”. Ao “maridinho” tão super-educado. Ás férias em lugares pseudo-paradísiacos-claustrofóbicos-com-pulseirinha-no-pulso. Ao sorriso forçado à sogra e aos sobrinhos-bestas. Não quero, nunca mais.

Quero sim, continuar sentir-me a mergulhar na vida de cabeça, mesmo que isso implique quebrá-la de vez em quando, todos os dias, a toda a hora. A sentir-me sem pé, não faz mal eu sei que sou capaz, mas é muito preferível estar assim como eu estou agora. Sem a vida suspensa. Sem estar no limbo. Sem aquele olhar sem graça. E oh meu Deus, como eu quase perdi a graça.

Foi difícil chegar à superfície. Está ainda a ser um pouco difícil. Mas gosto assim.

Monday, August 6, 2007

lápis azul


O desemprego criou em mim uma vertente criativa muito forte. Ou melhor, refazendo a ideia, o excesso de tempo disponível, criou em mim o desejo de criar um blog para por tudo cá para fora.

Por falta de tempo, por falta de fonte inspiradora, porque de facto não tenho muito tempo disponível, nem para saber o que se vai passando no nosso rectângulo (eu sei que é a silly season), não tenho conseguido produzir posts inspirados.

Tenho escrito coisas mas, que por virem directo do meu coração tem sido por mim própria censuradas. Eu sou a autêntica lápis azul em mim. Escrevo e censuro-me. Depois não publico. E fico a remoer.

Não é que eu deseje o desemprego, longe de mim, mas irrita-me o bloqueio do lápis azul...