Friday, June 29, 2007

que pena



Tenho um computador meio manhoso, e dá-me náuseas cada vez que tenho de visitar os meus blogs favoritos que estão carregadinhos de vídeos. Sempre que isso acontece, lá fica a Suzana com z, para mais de meia-hora (mais mesmo) a carregar os ditos, ou então simplesmente desisto.

Mas agora rendi-me! E isto porquê. Porque me apeteceu postar um vídeo com música.

Uma música que me fez lembrar uma certa ocasião em que vivia distante da Pátria Amada (chuinf) e via com desespero de emigrante o canal RTP Internacional, para tentar ocultar a saudade.

Mas aquilo, meus amigos e amigas não tinha palavras. Carlos do Carmo, Bobones, Pintos Bastos, Júlios isidros eram demais para aguentar a conjugação mau-tempo, céu-cinzento, sandes triangulares e ingliús hooligans.

Invariavelmente mudava para o canal castelhano. Não que nutra simpatia pelos senhores aqui do lado. Não. Mas sempre era mais tragável.

Um programa que me chamava a atenção, era o "Séptimo de Caballeria", apresentado pelo Miguel Bosé.

Pronto, eu confesso, o mau-tempo provocou em mim certo curto-circuito e dei comigo a gostar de ouvir flamengo e bulerías.

Aqui podem ver Niña Pastori, (ainda desconhecida e apresentada ao grande público, precisamente neste mesmo programa, creio que em 1998) acompanhada pelo Alejandro Sanz à viola.

O mau-tempo tem destas coisas.

Wednesday, June 27, 2007

workland


Hoje é um daqueles dias de felicidade suprema! Deixei de fazer parte do grupo dos sócios do IEFP! Yahoo! Recebi o contrato assinado pela multinacional “X”.

Acabaram as verificações ao meu passado recente e não recente. Agora vão ter de me aturar! Viva os CV´s desenhados tipo alta-costura. Viva as entrevistas preparadas até ao pormenor profundo! Afinal isto resulta.

Em breve, esperam-me as filas de trânsito, o bulício do escritório, enfim o regresso.

Acabou a borga, o arrastar dos dias. Os tremoços e bejolas vão continuar com toda a certeza.

Aguardem as minhas notícias do “Workland”.

Tuesday, June 26, 2007

Joe


Já há muito tempo que sigo com atenção as notícias e entrevistas de Joe Berardo. Parece-me um homem genuinamente simples quando fala da sua relação com o mundo da Arte. Que é um amor recente, que foi a mulher que o despertou para essa área, que ao princípio não percebia nada. Simplicidade.

Gosto deste homem que veio da classe trabalhadora e que sulcou, à força da sua enorme sensibilidade para os negócios, o seu caminho. Sobretudo gosto, porque não nega as suas raízes.

Não gosto, é das vozes mesquinhas que se erguem contra ele. Dar descontos a sócios de clubes de futebol? Que ideia brilhante e generosa.

Hoje já fui 2 vezes ao CCB. De madrugada era o mar dos VIP´s de copo na mão e gargalhada blasé. Esta manhã pelo contrário, vi o povo. O povo da barriga grande e ar desdentado. Oh Pai o que é isto, então filha são duas senhoras núas a apanhar sol. Não vês?

É isto que faz falta. Pessoas simples a ver.

Deixemo-nos de elitismos intelectuais. Faz falta ver e sentir. Faz falta o povo no CCB, em Serralves, na Gulbenkian e por aí fora.

Eu gosto do Joe!

Monday, June 25, 2007

Festina lente


Dão-nos um dossier todo bonitinho, capa de plástico translúcida com o logotipo do IEFP, com separadores de cor verde, uma pipa de massa ao contribuinte. E nós supostamente temos de rechear aquilo com cópias dos nossos CV´s e provar por A+B que não fazemos mais nada se não 24 horas em procura activa do emprego...

Eu as minhas 24 horas do dia, nos últimos 9 meses, tem sido TUDO menos procura activa.

Tenho procurado, antes sim :

- Manter o bronzeado num nível razoável (assim-assim, portanto)
- Longos almoços com malta amiga que acabam às vezes em lanche-jantar-copos em restaurantes-tascas com preços muito razoáveis
- Ler livros à borla da Biblioteca Municipal
- Borlas (todas as ofertas que fazem à porta do Metro, em que eu insisto, olhe e já agora não me dá outra para a minha Mãezinha, o que soa sempre mal, mas eu não me importo nada, porque ando tesa)
- Fazer cursos (grátis) de Web Design, patrocionados pelo belo do contribuinte português
- Arrastar-me pelo dia sem fazer nada e ficar a pensar no que poderia ter feito
- Ouvir amigas(os) a perguntar, mas como é que tu ocupas os teus dias, e saber que estão genuinamente preocupadas(os), e eu nem tanto, porque, e insisto, aproveitei este tempo TODO, para pensar exactamente naquilo que não queria fazer no meu futuro profissional
- Ser mais feliz e fazer outros felizes também

Viva a procura activa!

Sunday, June 24, 2007

fun zone



O FunZone Villages - Douro, assim se chama o empreendimento turístico, promete criar 1.300 novos postos de trabalho, um número próximo do total de residentes na sede de um concelho sem mão-de-obra, sobretudo qualificada, o que indicia que haverá falta de trabalhadores. (in Sol, versão electrónica, 24 junho)

...
«Podemos dar resposta», disse à Lusa, Fernando Calado, que é responsável do IEFP nos 12 concelhos do distrito de Bragança e, também, no de Foz Côa, na Guarda. (in Sol, versão electrónica, 24 junho)

E eu digo, vá toca a requalificar as meninas de Bragança...

Às vezes sou possuída pela minha vozinha fascizóide, eu sei

Wednesday, June 20, 2007

fluido


Olhe que a luz do stop do lado esquerdo não está a funcionar! Gritou para mim. Se entra ali, ainda chumba na inspecção.

Nestas alturas, e noutras que eu agora não me apetece confessar, dou graças por ser mulher. Se fosse homem, alguém solícito me chamava à atenção para o stop?

Já tinha pago a inspecção do carro, que já devia ter sido feita em 2007/04, e estava na bicha da mesma toda descansada da vida.

O senhor amável, notou a luz do stop e eu notei que ando a leste. A leste. Se for ali à oficina da Citroen, eles fazem-lhe isso num instante e pronto, não chumba. Muito obrigada, que amável que é , e aí vou eu para a oficina da marca concorrente.

Fiat Panda verde estaciona entre bombas da alta engenharia francesa. Mulher sai do carro e fala do stop, do andar a leste, ai e agora e tal que estava ali na inspecção, e vou chumbar e que faço eu, que me podem vender a lâmpada, mas tenho de saber quantos polos tem.

Eu só conheço, o polo Norte, o polo Sul (e depois havia aquele anúncio parvo do polilon), e sei que ando a leste. Já estive no Norte, e não gostei. Gosto de estar a sul e a leste e não faço a mínima idéia do raio do polo da lâmpada.

Ser Mulher é bom. Peço uma chave philips emprestada ao Sr. Costa da oficina que acabo de conhecer, e toca de arregaçar as mangas e desaparafusar a coisa lá atrás. Tira lâmpada, compra lâmpada, pôe lâmpada, aparafusa, agradece ao Sr. Costa que diz que eu já sou uma profissional e pêras.

Volto à inspecção, e chumbo!

Diagnóstico:

Emissões Óleo Lubrificação: Pequenas, em juntas secundárias
Pneus: Mais de um tipo, no mesmo eixo – 2º eixo
Transmissão: Fuga de fluído lubrificante – Caixa de velocidades Fole junto à Cx Babado de fluido

Babado de fluido? E eu babada de raiva!

Tuesday, June 19, 2007

inteligência


Governo anuncia cinco novas barragens e apoio a edifícios inteligentes

para compensar a ausência de vida inteligente no cérebro de Manuel Pinho?

Monday, June 18, 2007

alienação é


"Vamos subir à vitória até dia 15 de Julho"

E eu a pensar, mas que raio então mas o campeonato não tinha já acabado?


(descobri que não vejo televisão e não leio jornais há para aí umas 3 semanas...)

Thursday, June 14, 2007

a vozinha


Não basta ter feito 2 entrevistas telefónicas, e mais 2 presenciais, e de andarem a verificar tudo ( mas mesmo tudo) do meu passado laboral e universitário, e depois de já ter assinado um pré-contracto (?), ligaram-me no outro dia e perguntam-me de chofre:

- Diga-me 3 razões pelas quais acha que vai ser feliz a trabalhar na “X”?

Em plena rua, com automóveis a passar e com os gases dos buses que passavam, e sobre o efeito deles naturalmente senti vontade de responder:

- Olhe pensando melhor, eu já não me está assim muito a apetecer trabalhar para vocês, nem para vocês nem para ninguém, porque até estou a gostar disto do desemprego e assim tenho tempo para fazer coisas estupidamente boas como ficar a olhar para o infinito paralelo que assume a forma de Tejo ao fundo de um copo de cerveja nacional, acompanhada de tremoços ou cajús. Isto é que me faz feliz, verdadeiramente! Portanto passar bem. clanc!

Mas lá está aquela vozinha sempre por detrás a dizer Suzana com z, faz lá um esforço, vá lá, morde o lábio superior. Esquece lá isso da rebeldia e finge que serás muito feliz com a “X” a trabalhar 13 horas por dia e sem tempo para fazeres mais nada..

Que resposta linda que eu dei! Estou tão orgulhosa da minha vozinha.

Saturday, June 9, 2007

somehow a world without red hair men seems dull

ganda festival



São todos muito alternativos muito anti-qualquer coisa, mas pensarem nas emissões CO2 libertadas nestes festivais, tá quieto isso dá muito trabalho e rói a consciência.

Friday, June 8, 2007

whip it good


Então mas devia ter vindo cá no dia 1!!! Agora vai ter de justificar porque não o fez!

Voltei ao liceu em 5 segundos e dei comigo a querer estar a assoprar bolinhas mastigadas de papel pelo cano da bic para a cara da senhora do IEFP.

Com tanta entrevista e Cv´s feito à medida, esqueci-me da maldita da apresentação quinzenal nesta magnífica instituição que acolhe alguns dos desempregados deste país de monos.

O que é mais triste, é que uma das entrevistas a que fui na véspera do dia 1, foi exactamente no IEFP de Xabregas. O meu centro fica situado na muy nobre zona do Conde Redondo.

- Agora vai ter de justificar porque não veio cá no dia 1 e levanta-se a erguer ameaçadora uma folha A4 em branco, para eu, com a bic a apontar-lhe às fuças justificar porque me tinha baldado à aula de Química Aplicada.

Imaginei, dada a localização geográfica, uma cena sado-maso com o Dr. L. (um dos muitos personagens que “orienta” a minha situação) vestido com calças de cabedal abertas no traseiro e eu espetando lentamente os meus high-heels no dito. O chicote bate forte no ar.

A minha veia da garganta abriu-se num estrondo e voltei à realidade com a dona O. olhando para mim em esgar assustado.

Acabei por guardar a bic, a veia inchada e o chicote no fundo da minha mala, e a sacar a minha caneta a justificar porque raio de merda me fui esquecer da porra da apresentação quinzenal.

Eu também sou uma mona, quando tem de ser. F_ _ _- _ _!

now whip it.
into shape.
shape it up.
get straight.
go forward.
move ahead.

try to detect it.
it's not too late.
to whip it.
whip it good.

Thursday, June 7, 2007

eu sei


Hoje, cruzei-me outra vez com o moedinhas que dormia no meu carro.

Olhamos um para o outro assim num género da Zézinha Nogueira Pinto, eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei.

got the t-shirt to prove it


Já estive aí, nesse emaranhado intelectual do ciclos do buñuel e as mãos sujas e o soljenitsin e ouvir satie e o camandro.

Agora é mesmo tremoços e bejolas e não me chateiem! Irra!

Tuesday, June 5, 2007

True


A entrevista passou e parece que vão verificar as datas de entrada e saída por onde passei a vida a trabalhar.

Agora é que eu estou tramada!


Vão descobrir que eu chamei mesmo de vacarronça estúpida à outra anormal. Que eu fazia teatrinhos por de trás do biombo, a fingir que era a Guerra do Golfo , e a mandar mísseis scut, feitos de rolos de papel com os fundos cortados na destruidora de papel para dar ares de lastro.

Vão descobrir daquela vez que eu fazia corridas de cadeiras pelo corredor fora. E quando soltava gargalhadas que se ouviam na sala de reuniões com clientes lá dentro e a chefe com olhares de mosca morta enjoada a torcer a boca de raiva.

E quando eu desenhava bigodes e cornichos nas fotografias dos CEO´s nos panfletos institucionais dos clientes, e depois era preciso ir à reunião com os ditos, e descobriamos que aquele era o único panfleto que restava. E a chefe ficava a estrebuchar de raiva e a tentar não abri-lo todo à frente do cliente.

E forrava a capa do livro de Cálculo Financeiro com uma folha a fingir que era a Visa International, porque estava desesperada para acabar o curso, e ficava algumas horitas a estudar durante o serviço.

E da vez que eu telefonava para outros balcões e quando atendia alguém que eu não gostava particularmente, dizia com voz de budweiser, WAAAZZUUUUUUUUP a esticar a língua para fora e desligava logo a seguir.

E quando entrava nas Salas de Reuniões com clientes à espera e em vez de dizer Boa Tarde, dizia Estou. E pegava no agrafador gigante e dizia allô quando o telefone tocava e começava a digitar as teclas do telefone pensado que era a calculadora.

E andei a tarde toda a passear-me no balcão, com a blusa aberta a mostrar o soutien e ninguém foi capaz de dizer nada, porque eram politicamente correctos e socialmente estúpidos.


Agora é que eu estou tramada.

(ah e fora as vezes que ligava do telefone do fax para Portugal...)

Take me to your Leader


"Passou o tempo da reflexão e o mundo olha para a Europa com a expectativa de que ela possa resolver o seu problema", disse Sócrates, garantindo que o problema da crise institucional da UE "tem solução" e que, nas discussões que tem mantido ultimamente com os líderes europeus, considera que "há um espírito mais optimista", tanto entre os cidadãos como entre os políticos. (in DN online de 4 de junho)

Pior, só mesmo quando o Mário Soares afirmou que não havia crise na Península de Setúbal.

Monday, June 4, 2007

Obrigatório




Obrigatório ir ver no Teatro de Carnide a peça “Os Velhos não devem namorar”.

Divertimento garantido por 10 euros!

Vai ficar em exibição até 7 de Julho, todas as 5ª, 6ª e Sábados. Parece que dias 16, 22 e 23 é que não há espectáculo.

Bora lá?

Sunday, June 3, 2007

Nada


Fui arrastada para dentro, literalmente. Em geral só gosto de entrar, quando estão vazias de pessoas. Ouvir o ecoar dos passos. Sentir o silêncio. Os cheiros.

Não recebi educação religiosa. Não adquiri hábitos de celebração. Não me sinto confortável com os rituais.

Mas nesse dia fui arrastada. Fui arrastada para uma celebração invulgar, muito próxima das pessoas. Daquelas missas que tocam, mesmo as pessoas mais cépticas como eu. Sei que dei por mim numa convulsão de lágrimas e soluços.

As pessoas à minha volta, empunhavam fotografias dos seus familiares (doentes a maioria), e exibiam-nas perante o cálice e a hóstia, erguida pelo Padre. Este passava por entre as pessoas e repousava um ar sereno, o ar sereno de quem tudo viu e ouviu. Havia lágrimas nos rostos, soluços, olhares de esperança.

Eu que estava ali por arrastão, e embrenhada no meu dilúvio emocional, a sentir-me muito pequena, perante tamanha avalanche de emoções. Os meus problemas não são nada, pensei. Nada. E chorei. E as lágrimas caíam porque me sentia privilegiada, envergonhada.

Eu tinha entrado de arrastão.