
A barriga era proeminente, daquelas que saem muito, mas muito mesmo da calça de ganga. Sai tanto, que temos dificuldade em imaginar a operação aperta a braguilha, aperta o botão. O amigo, em compensação é magro e alto. Usa bigode.
Entre os dois, o somatório dos dentes é de 9, assim numa primeira contagem por alto.
- “Ai a Menina quer arrumar o carro?”
Eu esticava o meu queixo na direcção do assador metálico preto, que o “barrigas” limpava frenéticamente com uma escova daquelas de limpar sanitas, e que agora não me lembra o nome e que é difícil de escrever, e que o dicionário do computador não reconhece (piá qualquer coisa). Além de que não me apetece levantar para ir buscar o dicionário.
O assador cheio de carvão em brasa, ocupava o espaço de pelo menos uma Hiace.
- “Ai a Menina quer arrumar o carro?”
Disse o “bigodes” desta vez. Em tom de ironia eu disse, bem desculpem lá o incómodo mas até que dava jeito, coitados eu a interromper o almoço, vejam lá a minha lata. O meu descaramento.
Errado! Eu já devia saber que não se deve usar de ironia em pessoas, que não tem pelo menos a dentição frontal completa.
O barrigas voltou-se para o bigodes e diz, então mas a gente também tirámos a senha (emel) eheh.
Lá estacionei o carro, depois de uma troca de sorrisos amarelos. Fui-me embora, ainda a pensar no somatório dos nove dentes e a imaginar um assador preto com quatro rodas movido a carvão, rua fora.
(ao menos foram simpáticos por terem dito, Menina)
1 comment:
E as sardinhas tinham bom ar? Não me digas que foi ali para os lados da Bica que eu ontem enfardei mei-dúzia, servidas por um gajo de bigode que me serviu resmungando qualquer coisa entre-dentes
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