Monday, March 24, 2008

Capítulo III

E naquele dia tudo tinha acabado. Como que o mundo tivesse parado. Tudo ficou gelado à sua volta. Imóvel. A lua brilhava lá fora. Uma noite fria, sem nuvens. Tudo apenas imóvel.

Ouviu um craque por dentro! Craque! qualquer coisa a quebrar-se. A máscara que manteve durante tantos anos. Para quê? Depois sentiu uma raiva enorme. Ódio mesmo.

Chorou toda a noite. Chorou tudo. Tudo!

Pensou naquilo que já tinha ouvido antes: Deus conta as lágrimas das mulheres

Conta? Conta mesmo?

Fez a mala. Olhou à sua volta para aquelas paredes. E pensou que tudo podería ter sido diferente. Aquelas paredes erguidas por alguém que ela nunca conheceu, numa cidade que não era a sua, num país que não era seu. Aquelas paredes. Pousou lentamente a mão sobre a parede da sala, como que a sentir a pulsação. Tentou sentir o que aquelas paredes sentiam. Se é que as paredes tem sentimentos. Sensações.

Abanou a cabeça. Olhou à volta.Partiu.

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